Boa noite meus lindos!
Trazendo para vocês mais um texto da nossa Coluna - Canto do Conto!
Os textos são de autoria de Vanessa Santos. Ela é a autora do blog Mar de Letras.
Espero que gostem...
Trazendo para vocês mais um texto da nossa Coluna - Canto do Conto!
Os textos são de autoria de Vanessa Santos. Ela é a autora do blog Mar de Letras.
Espero que gostem...
Realidade
Ficcional
Quando
crianças, somos programados a andar com muletas. Se tínhamos dor de cabeça,
logo nossa mãe aparecia com a temida novalgina. Se caíssemos de bicicleta lá
estava o nosso pai nos acudindo imediatamente com o merthiolate. E claro, se um
mero soluço nos atacasse, rapidamente vinha nossa avó com
suas simpatias pra nos aliviarmos desse incomodo. Tudo para evitar sentir o
mal. Mas e quando a dor não é física? E quando for mental? E quando for direcionada a nossa alma? Qual o
paliativo? Qual a droga? Muitos, tem como escape o cigarro, outros a bebida
alcóolica e alguns utilizam drogas ilícitas como método de superação de uma
realidade fracassada ou simplesmente
realidade.
Tendo
isso em mente peço gentilmente que não julgue o personagem.
Passa
produto por produto na esteira. -Bom dia, bom dia. A compra deu R$154,90. Tem
nota menor? Não? Aqui esta o troco. Não, não sei o preço do produto, mas vou
verificar. Vou chamar o gerente. Não se
esqueça da notinha senhor!
Entre
um cliente e outro, conversas com outras funcionárias são trocadas. Coisas
rotineiras sobre a tragédia que é o transporte público e a miséria do salário
no final do mês. Mais conversas, olhar ansioso para o ponteiro das horas,
passar produtos na esteira e pesar os alimentos. -Não se esqueça da notinha
senhora! Assim segue maquinalmente até a hora do almoço. Come sem sentir o
gosto da comida, liga para a mãe e depois para o namorado. Tira um cochilo de
dez minutos.
O
horário à tarde passa mais ligeiro. Logo é seis horas. Parte do trabalho para o
cursinho de inglês.- Hi! I am a girl. You are a boy. Verbo to be, dinâmicas e
exercicios feitos. Nove horas. Chega em casa. Dá um beijo na mãe e nas irmãs
mais novas. Fala com a avó na cadeira de rodas e deixa uma boa quantia em
dinheiro para ajudar o seu pai a pagar algumas contas. Janta com a família,
trava os mesmos assuntos e logo se despede para dormir. Quando vê a cama, não
deita, se joga.
Analice,
22. Trabalha como caixa de mercado, oriunda de família classe média, possui
três irmãs e um bom namorado.
Há
coisas que são tão bestas que chegam a ser pesadas demais. A vida se torna um
fardo pesado demais.
...
Pequenas
baratas rastejam pelo chão. Seringas e preservativos encontram-se jogados por
todo o canto. A única luz do banheiro parece vacilar no ritmo da batida da
boate. O cheiro de sexo exala pelo ar. Nas paredes há desenhos pornográficos e
anúncios. E mais um era acrescentado:” Meu nome é Analice e quero você. Meu
telefone é: xxxxxx. Enquanto escreve a porta dos fundos lentamente se abre. Um
homem entra. Os dois desconhecidos se encaram, se tocam, se enlaçam e se
entranham. Logo Analice não pensa mais na sua vida, na sua realidade. Nesse
momento ela não é filha,neta,irmã,namorada ou caixa de mercado.
Nesse momento
não tem responsabilidades ou preocupações. È apenas uma mulher. Em questão de
minutos sensações alienantes apagam sua
mente,proporcionando uma incontornável impressão de escape deste mundo com traços de ficção. A verdade e o prazer do
sexo a permite fugir da existencia ámorfica na qual é obrigada a viver. Sua
mente se torna suave e seu corpo leve.
Assim
seguia sua noite. Duas, tres,quatro. As seis da manhã, Analice volta para sua
vida. Chega em casa,toma banho, tira um cochilo e põe seu uniforme. Dá um beijo
na sua mãe e fala com sua avó na cadeira de rodas. Deixa determinada quantia de
dinheiro para seu pai.
Passa
produto por produto na esteira. Bom dia,bom dia. A compra deu R$12,35. Aqui o
troco. Não se esqueça da notinha senhor...
Era
só mais uma realidade em meio a tantas outras. Somente uma história no meio de
tantas outras. Aquela vida noturna, somente ficção. Uma necessária ficção. Porque
às vezes a vida é besta e pesada. Demais.
Bjus
Bjus
Ler um texto bem escrito é tudo de bom. A medida que fui lendo fui vendo e absorvendo toda a rotina da Analice. Coisas rotineiras que não vemos que fazemos, ligamos no piloto automático e seguimos a vida. Delícia de coluna. Parabéns a Vanessa Santos. bju
ResponderExcluirEykler
Nossa... Forte esse conto... Gostei.
ResponderExcluirSuper profundo e intenso!
ResponderExcluirParabéns à Vanessa que conseguiu criar uma curiosidade em poucas linhas.
Bjks
adorei o conto, adoro ler contos!!
ResponderExcluirporém é tão dificil eu le-los, só assim mesmo!!
beijos
http://dailyofbooks.blogspot.com.br/
Bom texto, boa escrita.
ResponderExcluirconto bem interessante, escrita firme, parabéns
ResponderExcluirObrigada gente!Esse é um dos contos que mais gostei de escrever...
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