Olá, eu sou Kênia Cândido do Blog Histórias
Existem Para Serem Contadas e colaboradora do Blog Doces Letras.
Hoje eu trago para vocês a minha opinião sobre o livro Chica da Silva, escrito pela jornalista Joyce Ribeiro e publicado pela Editora Planeta de Livros do Brasil.
- Autora: Joyce Ribeiro- Editora: Planeta de Livros do Brasil- 1ª edição- Ano: 2016- 192 Páginas- ISBN: 9788542206913- Sinopse:Em uma narrativa romanceada, a jornalista Joyce Ribeiro conta de forma emocionante a história de Chica da Silva. A trajetória dessa escrava mineira, que foi amante do rico contador de diamantes e desembargador João Fernandes de Oliveira no século XVIII, virou um conto de fadas narrado no cinema, na televisão e na música. Mesmo quem viu o filme ou a novela, vai se surpreender com o livro de Joyce. Fascinada desde criança pelo que Chica representa para a mulher e para a negra, ela fez uma pesquisa meticulosa. Como não está presa ao linguajar e à rigidez de uma historiadora, a autora imagina como foi a vida da personagem. Faz uma narrativa tão rica em detalhes que tudo que parece ser verdade. E pode ter sido mesmo. Joyce captura o leitor logo no primeiro capítulo quando conta como foi a partida de João Fernandes para Portugal, quando tanto ele quanto Chica acreditavam que voltariam a viver juntos. O homem branco e rico acaba morrendo em Portugal, deixando sua amada negra com catorze filhos, dinheiro e posses. Depois de muita luta para ser aceita em uma sociedade escravagista, a poderosa semianalfabeta Chica da Silva, que não baixava a cabeça para ninguém, ganha uma posição de destaque na cidade na cidade de Diamantina, Minas Gerais. Morre dezessete anos depois de seu grande amor e é enterrada no interior da igreja Irmandade de São Francisco de Assis, núcleo exclusivo de brancos abastados. Ao fundir fatos com ficção, Joyce Ribeiro resgata a história de uma das personagens mais populares da história do Brasil.
O Preço da Ousadia
Com uma narrativa
direta e bastante clara, o romance de estréia da jornalista Joyce Ribeiro, torna
a história de Chica da Silva muito mais
atraente.
A história da escravidão sempre foi destacada pelo
sofrimento e pelas tarefas mais duras, difíceis e perigosas que os escravos
executavam. Sem direito a lutar pela injustiça, eles eram tratados de forma
desumana, com alimentos de péssima qualidade, dormindo em galpões úmidos e escuros chamados de senzala e sofriam
vários castigos físicos.
Mas nos meados do século XVIII, século do ouro, nasceu uma
escrava conhecida como Chica da Silva. Filha da escrava Maria da Costa com o
capitão Antônio Caetano de Sá, a recém-nascida recebeu o nome de Francisca e foi tratada como
qualquer criança de sua origem. Condenada com as marcas da escravidão.
Na adolescência,
Chica foi vendida ao médico português Manuel Pires Sardinha, que chegou ao
Brasil atraído pelo ciclo do ouro e permaneceu no Arraial do Tejuco. Por muitos
anos, Chica foi escrava de Sardinha sendo concubina e foi com ele que teve seu
primeiro filho, um menino chamado Simão.
Com o passar do tempo, Chica foi comprada por João Fernandes de Oliveira,
um recém-chegado negociante de diamantes. Assim que tomou conhecimento sobre a venda de Chica, João
fechou negócio com Sardinha e permitiu que a bela escrava levasse seu filho.
Chica entendia
perfeitamente quais eram suas tarefas, pois vivia a realidade dos fatos. Porém foi surpreendida quando João
Fernandes não a conduz para a senzala como era na residência do médico
Sardinha e sim, para os aposentos de João Fernandes.
Ao contrario de
Sardinha, o desembargador tratava
Chica com carinho e desejava viver uma
situação confortável e adequada à realidade. Durante os dias que precedia o natal de 1753, João Fernandes comprou a carta
de alforria dela e presenteou Chica no Natal, fugindo dos costumes locais e não
dando a menor importância aos falatórios.
A trajetória de Chica da Silva não é
desconhecida para muitos leitores, no entanto a
escrita da Joyce Ribeiro deixa a sensação de estar fazendo um passeio
pelas ruas de Diamantina em uma excursão, absorvendo conhecimento de uma parte
da história do Brasil, sem deixar de lado a leveza e o tom envolvente.
O romance destaca com
detalhe a vida da Chica a partir do seu nascimento. Não deixando de mencionar a
personalidade que tinha à frente do seu
tempo e que era consciente de viver em uma
sociedade que questionava e não tolerava transformações que não era comum para
a época.
O livro apresenta como Chica e João Fernandes
tinham pensamentos diferentes da sociedade. Ela era extremamente preocupada com
a educação dos filhos, inclusive com as nove meninas que tiveram oportunidade
de estudar.
A capa está muito bem
representada, mostrando como Chica da Silva foi uma escrava alforriada com uma
posição de privilégio social. A diagramação está perfeita nas folhas amareladas conhecidas como papel Pólen. Esse
papel não cansa a vista do leitor e como
a fonte está no tamanho ótimo, o desenvolvimento da leitura é maravilhoso.
No livro também contém um prefácio, onde a Joyce mostra seu
objetivo de escrever sobre a Chica da
Silva. Falando sobre uma mulher forte, com
espírito livre e decidida que jamais se curvou à servidão que as
mulheres eram submetidas na época, independente da cor. Chica buscava um
caminho diferente dos costumes tradicionais, por isso era considerada a
contramão da sociedade do século XVIII, enfrentando
o que fosse necessário e sempre acreditando em si mesma com muita coragem.
Eu recomendo para todos
os leitores que apreciam biografias ou romances históricos. Apesar de ter
outros livros contando a vida da Chica da Silva, este teve um conhecimento muito rico que vale a pena ter na estante.
Livro fornecido gentilmente pela Editora Planeta de Livros
do Brasil.
“ Chica da Silva jamais contou sua própria história. Sem direito a voz, pois era analfabeta como a maioria das mulheres de seu tempo, não escreveu relatos. O máximo que aprendeu foi assinar seu próprio nome. No entanto, tudo o que fez foi tão eloquente que mereceu destaque e passou à posteridade, ainda que, a princípio, de maneira equivocada, graças a críticos que, sem ter convivido com ela ou seus contemporâneos, trataram de criar uma personagem construída a partir de todo tipo de preconceito. Aos poucos, a imagem correta de Chica da Silva emerge do passado. Com os belos contornos de uma pessoa de vanguarda, muito avançada para a época em que viveu.” ( pág. 10 )
“ Nada mais eloquente do que esse ato, ao mesmo tempo singelo e grandioso. Escolher o dia do Natal como aquele em que sua companheira vem à luz como uma mulher livre da escravidão. O simbolismo é mais profundo, porque Chica não tem de pagar por isso, como acontece com outras mulheres em semelhante situação. Fica livre da senzala social como uma presente a que tem direito, aos olhos de quem conheceu como seu segundo senhor. Essa é a mensagem que ele passa, a do merecimento. Quem sabe até como um pedido de desculpas por não poder assumi-la como a esposa que é, de fato.” ( pág. 44 )
“ Chica da Silva deixa sua marca no sertão das Minas Gerais. Indelével. Resistente ao passar do tempo. Muitas vezes mal-entendida e registrada com preconceito. Em especial nos escritos conservados no Reino, mesmo depois da Independência do Brasil.” ( pág 185 )
Curiosidade:
A história de Francisca já foi exibida como telenovela na
Rede Manchete em 1996. Na época Chica da Silva foi interpretada por Taís
Araújo, porém antes Chica da Silva foi representada pela Zezé Motta em 1976.
Particularmente, eu não sei se tem outras atrizes que representaram Chica da
Silva, mas durante a leitura a imagem da
Taís Araújo permaneceu na mente porque conheci a história da Chica através da
telenovela.
. Sobre a autora:
Joyce Ribeiro é uma jornalista brasileira. Começou sua
carreira na televisão em 1998, na Boa Vontade TV, da LBV, em que atuou como
produtora e repórter. Na RIT, teve sua primeira experiência como apresentadora
de telejornal. Em 2002, Joyce foi para a Rede Record, onde atuou como repórter e apresentadora
no Fala Brasil. Posteriormente, apresentou um telejornal diário na Record
Internacional. Já em 2005 foi para o SBT, onze de setembro de 2005 até março de
2006 apresentou a edição matutina do Jornal do SBT, passando a seguir a
apresentar a previsão do tempo do extinto SBT São Paulo. A jornalista também apresentou o Aqui Agora em 2008 e por um ano e meio, o
programa Boletim de Ocorrências, depois a nova versão do SBT São Paulo ao lado
de Karyn Bravo de março a maio de 2012, voltou para o SBT Manhã ao lado de
Hermano Henning . Em Setembro de 2014 assume o comando do Jornal da Semana SBT.
No fim de março de 2016, passa a comandar o Primeiro Impacto, novo telejornal
da emissora. Em 2016 lançou seu primeiro livro baseado na história de Chica da Silva.
Já leu Chica da Silva?
Então comente o que achou do livro. Vamos adorar conhecer sua opinião.
Bjos e até a próxima....
tipo uma releitura da história :)
ResponderExcluirgostei muuuito da resenha e dessa ideia de apresentar uma versão própria da história.
beeijão :)
http://www.carolhermanas.com.br/
Oi Carol.
ExcluirTambém achei bem interessante!
Bjus