Bom dia meus lindos!
Já faz um bom tempo, que o Doces Letras não trazia uma entrevista pra vocês. E foi pensando nisto que a colaboradora Kênia Candido entrevistou dois novos talentos da nossa literatura.
Faz alguns dias, eu postei aqui no blog sobre o Prêmio Sesc de Literatura 2015 e suas ganhadoras, e hoje vamos conhecer um pouquinho mais sobre elas.
Para conferir o post, sobre o Prêmio, clique aqui.
GANHADORAS DO PRÊMIO SESC LITERATURA
ENTREVISTA POR KÊNIA CANDIDO
Sejam bem- vindas ao Blog Doces Letras.
Marta Barcellos – Conto “Antes que Seque”
Jornalista formada pela UFRJ e mestre em literatura pela PUC-Rio, a carioca Marta Barcellos trabalhou durante 18 anos em alguns dos principais jornais do país (O Globo, Gazeta Mercantil e Valor Econômico). Atualmente, é colunista da revista Capital Aberto e do site Digestivo Cultural. Encontre-a no Facebook.
DL – Qual foi a sensação de ser uma das ganhadoras do Prêmio Sesc de Literatura?
R.: Pensei: “Que bom, eu não estava louca. Faz sentido o que ando fazendo.”
DL - Poderia nos contar um pouco de como é seu processo criativo?
R.: Escrevo o tempo inteiro, na minha cabeça. No computador, rendo mais à tardinha, porque era o horário de “fechamento” nos meus tempos de repórter em jornal diário.
DL – Fale um pouco sobre o seu livro:
R.: “Antes que seque” reúne 24 contos que giram em torno da impossibilidade, da promessa de felicidade que não se cumpre e causa mal estar, em uma classe média enredada em padrões de consumo e aparências.
DL – Teve alguma dificuldade para participar e se dedicar ao projeto?
R.: Foram várias as dificuldades no trabalho com a linguagem. Reescrevi muitas vezes.
DL - Tem algum assunto sobre o qual não escreveria? Por que?
R.: Não.
DL – Durante sua escrita, teve a influência de algum autor ou de alguma obra?
R.: Tive a influência de toda uma vida de leituras. Não acredito em originalidade pura. No fundo, toda obra é uma colagem de influências.
DL - Quais são seus planos para o futuro?
R.: Continuar escrevendo, agora que sei que não andei maluca.
A autora Marta Barcellos, preferiu não responder ao nosso bate-volta literário.
Sheyla Smanioto Macedo – Livro Desesterro
Tenho 25 anos, sou paulista, de família meio baiana meio italiana, aquariana, cresci em Diadema, passei a adolescência em Caieiras, fui para Campinas estudar e hoje em dia moro em São Paulo, ufa!
Sou formada em Estudos Literários (2011), com mestrado em Teoria e História Literária (2015) pela Unicamp.
O Desesterro surgiu aos poucos. O primeiro vislumbre que tive da história foi lendo A trégua, do Mário Benedetti, mas foi apenas um vislumbre. Lendo de novo percebi que tirei muito pouco de lá. Foi mais como esquecer um sonho. Acordei com a certeza de que esquecia uma história que valia a pena ser contada, a história estava lá, em algum lugar, eu só precisava encontrar seu tamanho, seus personagens, o ritmo, a trama, e fui atrás disso escrevendo muito, pesquisando, lendo, ouvindo, vivendo todos os dias com os olhos em escrever esse livro.
Tive incentivo de tanta gente! Sempre digo: escrever é coisa solitária para não se fazer sozinho. Agradeço muito por ter encontrado o Raphael Picerni para seguir comigo. Minha mãe leu sei lá quantas versões de cada capítulo. Meu pai apoiando feito amigo. As últimas versões eu e a Carla Piazzi revisamos em voz alta durante dias, fomos morar juntas lá em Vilaboinha, e ai de quem dissesse que a cidade não existia! Foi fundamental ter a Thelma Guedes e o Marcelino Freire confiando nessa história, querendo comigo. Fora outros tantos queridos!
DL- Após ter recebido o prêmio Sesc de Literatura, ainda existe algum sonho a ser alcançado no mundo literário?
Para começar, leitores! O prêmio ajuda muito nesse sentido, claro, e não vejo a hora de ter o livro em mãos, de o livro chegar aos leitores, em fim.
DL – Encontrou alguma dificuldade para se dedicar ao projeto?
Não para me dedicar ao projeto. Tive problemas de ordem prática, cisos, falta de grana, problemas na família, mas continuei escrevendo. Há a angústia da escrita, isso sim. O ter que aprender a contar uma história enquanto se conta, crescer junto com ela, cismar, a palavra na ponta da língua e você tentando lembrar. Dar conta. Ser maior que você, afinal. Ter, mesmo que brevemente, o tamanho da história a ser contada.
DL – Tem algum autor ou livro que tenha influenciado em sua escrita?
Muitos! O Desesterro tem uma série de pequenas homenagens, algumas bem óbvias outras nem tanto, para os livros que ficaram ao meu lado enquanto escrevia. Pedro Páramo, O som e a fúria, vários da Hilda Hilst, História da loucura, alguns do Kafka, João Cabral de Melo Neto, João Gilberto Noll, Nossos ossos, Bolaño, e por aí vai.
DL – Já tem algum novo livro em andamento?
Sim! Estou finalizando um livro de contos, o Selfie service, contemplado pelo Proac Criação Literária 2014. Também estou trabalhando na estruturação do próximo romance, feito em contato com as diversas experiências que tive em torno da chacina da Favela Naval em Diadema.
DL – Com quantos anos começou a escrever?
Escrevo desde sempre. Quando tinha uns 8 anos escrevia raps e alguns livrinhos rimados. Sempre escrevi diários. No começo da adolescência escrevia fanfics secretas de Harry Potter. Escrevi uma trilogia juvenil inspirada por jogos de RPG, chamada As Amaranthas. Depois uns contos esquisitos sobre personagens que eu não conhecia, peças de teatro e muitas cartas. Durante a faculdade me dei a escrever poesia (o coletivo Dulcineia Catadora publicou um livro com o meu poema, Dentro e folha), alguns contos, alguns romances. E outros escritos que eu devo ter esquecido. Mas Desesterro é o primeiro que eu quero que seja lido.
DL - Quais são seus planos daqui pra frente?
Por agora, divulgar o Desesterro, encontrar leitores. Quem quiser acompanhar estou no Facebook e no Instagram. Coloco tudo no site http://sheylasm.com . Vai ter book trailers, vou compartilhar um pouco do processo com vocês, espero que seja bem legal a troca. Fora isso estou com ideias para um canal no youtube, pensando em oficinas que aproveitem minha formação em literatura e minha paixão por livros, vamos ver no que dá!
Para encerrar, um rápido bate-volta literário:
Cor: vermelho/verde
Pensamento: "escrever é um demônio perverso que transforma todo escritor em um Fausto sem magia" (Blanchot)
Livro: Amuleto (Bolaño)
Autor: Hilda Hilst
Sonho: escrever livros dos quais as pessoas não saiam ilesas.
As ganhadoras receberão o prêmio em cerimônia na Academia Brasileira de Letras, em novembro de 2015. Os trabalhos vencedores serão publicados e distribuídos pela editora Record em todo o país, com uma tiragem de 2.000 exemplares.
Quero agradecer as autoras Marta Barcellos e Sheyla Smanioto Macedo, por conceder esta entrevista à colaboradora Kênia Candido para o blog Doces Letras! Que vocês tenham muito sucesso!
Espero que tenham curtido a entrevista.
Bjus
:)
ResponderExcluirObrigada, meninas! Vou já postar no facebook :) Parabéns pelo trabalho de vocês!
ResponderExcluirNós que agradecemos Sheyla!
ExcluirSucesso.
Bjus
Oi, Gostei muito da entrevista e pude tirar dali que o importante é escrever e treinar muito, essas duas autoras premiadas escrevem há muito tempo, tanto para o jornalismo, quanto para fanfic e diário. Fui pesquisar sobre o curso de "estudos literários", interessante...
ResponderExcluirGi(Boo Nina)
http://www.rascunhocomcafe.com/2015/08/a-garota-no-trem-as-aparencias-enganam.html
Oi Gi, obrigada.
ExcluirAs autoras já estão na estrada faz algum tempo, e achei muito interessante conhecer mais sobre elas.
Bjus
Olá Lia e Kênia,
ResponderExcluirGostei muito das entrevista, não conhecia as autoras e gostei de saber um pouco delas e de suas influências, além de seus livros....bjs.
devoradordeletras.blogspot.com.br
Oi Marco.
ExcluirElas foram bastante atenciosas, e gostei muito de conhecer um pouco mais sobre elas.
Abraço.